Quarta, 07 de setembro de 2005 - 13h35min
Tendências do cooperativismo
Por Neivor Canton *
O cooperativismo, como todo movimento social, é dinâmico e sofre os fluxos, influxos e refluxos das mudanças e transformações em curso nas sociedades humanas. Reciclar-se e reinventar-se sem perder a essência e a pureza de seus mais caros postulados foi a fórmula encontrada para manter-se sempre atual e vigoroso, economicamente viável e socialmente desejável.
Lideranças e segmentos organizados, ancorados na evolução do pensamento político e econômico dominante em cada época de nossa história recente, formulam e proclamam novas formas de ver e interpretar o mundo, oferecendo elementos que fundamentam, de tempos em tempos, novas tendências a influenciarem o cooperativismo.
Para antever esse fenômeno e catalisar forças e energias necessárias à dinamização do cooperativismo, surgiu no Brasil, em 2002, um fórum qualificado de lideranças nacionais para discutir as tendências – manifestas ou submersas– que nortearão o setor. É o Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo no Brasil que, em sua quarta edição, será realizado em Florianópolis dias 15 a 18 deste mês de novembro, sob égide da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), tendo como anfitriã a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc).
É o evento mais importante do sistema cooperativista nacional. Foi esse Seminário que estabeleceu, ano passado em Cuiabá, que o “cooperativismo é economia social”.E conceituou a economia social como ações protagonizadas por organizações voltadas às pessoas, fulcrado nos princípios e valores cooperativistas, para o bem-estar da comunidade, promovendo o equilíbrio tanto entre eficiência econômica e eficácia social, quanto entre independência individual e interdependência coletiva, além de gerar desenvolvimento e eqüitativa distribuição de renda.
O Seminário estabeleceu quatro tendências dominantes: a profissionalização da gestão, o trinômio educação/comunicação/informação,a intercooperação e a preocupação com a comunidade. A profissionalização da gestão compreende a permanente capacitação de todos os recursos humanos, desde os níveis estratégicos (dirigentes e alta assessoria), até o nível operacional (colaboradores e cooperados), buscando otimizar a administração da sociedade cooperativa.
Na análise da segunda tendência, percebe-se que educação e cooperativismo formam um binômio inseparável especialmente porque adota-se, atualmente, o conceito pleno da educação continuada. A informação, por outro lado, tornou-se principal insumo da vida moderna, necessidade vital para viabilizar atividades profissionais, negócios e empreendimentos. Por outro lado, a comunicação leva-nos a concluir queconceber uma organização e implantá-la significa conceber e criar fluxos de comunicação. O comando de uma cooperativa é, basicamente, um processo decisório. Administrar é tomar decisões. Tomar decisõessignifica comunicar.
A terceira tendência – a intercooperação –exercita-se através da criação de redes negociais entre as cooperativas e entre estas e empresas privadas para a conquista de objetivos comuns. Estimula e eleva a competitividade das cooperativas.
A quarta tendência –Interesse pela comunidade –é o sétimo princípio do cooperativismo internacional. Hodiernamente, as empresas privadas e mesmo estatais adotaram esse princípio e, sob o rótulo“Responsabilidade Social”, criaram e implementaram campanhas destinadas a atender a comunidade regional envolvente, num misto de marketing, filantropia, ação social e cidadania solidária. As cooperativas, na consecução de seus objetivos, direta ou indiretamente trabalham para promover o desenvolvimento sustentado da comunidade local ou regional nas quais estão inseridas. As tendências dominantes são, enfim, imperativos da modernidade.
* Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc)
Fonte: MB Comunicação