Sexta, 26 de junho de 2009 - 12h35min
A zootecnia e o novo cenário
Por Maria do Horto Luzardo
Hoje, fala-se muito sobre a importância da atividade rural, e consequentemente da figura do homem do campo, para produção de alimentos no Brasil e no mercado exterior. O país se destaca no comércio mundial de carnes, principalmente a bovina, produzida com eficiência e qualidade. Porém, poucos sabem ou lembram que os animais que produzem não só a carne, mas o leite, ovos e mel, são submetidos aos cuidados e ao trabalho do zootecnista.
O papel deste profissional existe desde o século XVIII, quando os criadores buscavam tornar os animais mais produtivos, por meio de técnicas como seleção de reprodutores e melhorias das condições de alimentação dos rebanhos. A partir da necessidade da exigência de técnicos com esse conhecimento, começaram a surgir, na Inglaterra e na França, as primeiras escolas técnicas.
No Brasil, o curso existe desde 1966, quando foi criada a primeira faculdade de zootecnia do país, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Uruguaiana, graça aos esforços dos então professores Mário Vilella e José Francisco Sanchotene Felice. Dois anos após a primeira turma de zootecnistas ter ingressado no curso, a profissão foi regulamentada pela Lei Federal 5.550.
Nestes 43 anos de ensino, algumas conquistas merecem destaque, como: o aumento da oferta de cursos de qualidade e relevância, ampliação de professores zootecnistas pós-graduados, e principalmente, a aprovação das Diretrizes Curriculares do Ensino de Graduação em Zootecnia pelo Ministério da Educação. Atualmente são mais de 50 faculdades no país. São conquistas que contribuíram para o crescimento da categoria e de suas entidades de representação profissional, refletindo em muitas ações que impulsionaram o agronegócio no país.
Os grandes rebanhos brasileiros, o elevado volume de produtos agropecuários, o desenvolvimento dos mercados interno e externo de produtos de origem animal e as políticas de globalização abrem, de fato, cada vez mais perspectivas de atuação em outras áreas. Não são raros os casos de zootecnistas que administram propriedades rurais, organizando a criação e aprimorando a qualidade e sanidade do rebanho, ou exercendo a função fora da porteira, em empresas de rações, suplementos e vitaminas.
Contudo, a raiz do trabalho do zootecnista está na busca pela eficiência produtiva. É preciso pensar nos próximos desafios e, sobretudo, no importante papel que o ele terá neste novo cenário da pecuária. Há um enorme desafio pela frente, reduzir a fome e a miséria mundial, por meio da produção racional de alimentos, com produtos cada vez mais saudáveis e a custos mais acessíveis para a população.
Cabe, então, o zootecnista estar preparado para enfrentar os desafios vindouros em prol da sustentabilidade e competitividade do sistema de produção animal, da segurança alimentar e do bem-estar das pessoas e, desta forma, ser o profissional da ciência do novo século.
Zootecnista, formada na 1ª turma do Brasil, na PUCRS de Uruguaiana, Estado do Rio Grande do Sul.
E-mail: casarural@farsul.org.br
Fonte: Página Rural