Quarta, 08 de setembro de 2004 - 13h06min
Agroturismo, uma valiosa alternativa
* Por Mario Hamilton Villela
No ano passado participei como palestrante de algunsseminários realizados no Estado, versando sobre a cadeia do agronegócio na busca dealternativas para um melhor e maior desenvolvimento para o Rio Grande, especialmente para aMetade Sul.
Nessas oportunidades o tema “novos cenários para o desenvolvimento da agropecuária gaúcha". Entre as sugestões que oferecia, estava,como uma das saídas para a diversificação de nosso processo produtivo,o“Agroturismo". Estar-se-ia, assim,se aproveitando as boas infra-estruturas de muitas de nossas fazendas, colônias ou granjas e desenvolvendo nas mesmasuma atividade totalmente novae complementarconjugada com as atividades agropecuárias normais do estabelecimento rural.
O turismorural ou como estão chamando o “Agroturismo”, não exigirá grandes investimentos, pois, o turista que procura esse tipo de lazer, não busca sofisticação, não quer estrutura artificial e, sim quer conhecer e viver o dia-a-dia do cotidiano de uma área rural se hospedandona mesma, convivendo com a natureza com os animais domésticos e com os tratos e lidas da vida do campo. Basta o estabelecimento teracomodações boas e adequadas para receber o citadino que quer e almeja umcontato mais íntimo possível com as atividades rurais, inclusive saborear a culinária típica consumida pelo homem do campo. Quanto mais diversificadas forem as tarefas rurais do estabelecimento agropastoril, mais vocacionadopara essa atividade, naturalmente, o mesmo está preparado para tal.
Outros pré-requisitosnaturais são aexistência de matas nativas diversificadas,grutas, engenhos, cemitérios antigos, arroios, sangas de pedra, rios ou mesmo açudes, além de uma topografiavariada, isto é, com um relevo um pouco acidentado, tudo isso facilitará a realização das mais diferentes recreações, caminhadas, cavalgadas e até banhos. A maior diversidade de fauna e flora é preponderante e facilitador para a atividade.
Tudo isso logicamente só será encontrado naqueles stabelecimentos agropastoris que o proprietário rural respeitou a natureza e preservou o meio ambiente. É claro que o estabelecimento tem que estar preparado para tal, inclusive, com mão-de-obra apropriada. E, esta, para a atividade ser efetivamente autentica deve ser, sempre que possível,a da própria fazenda, colônia ou granja. Esta conhece as lidas campeiras tem o seu linguajar típico, inconfundível, o que, aliás,é o que mais chama a atenção do visitante ou turista. Os homens da cidade, principalmente os dos grandes centros urbanos, que são na verdade o que mais procuram esse tipo de turismotem uma curiosidade aguçada para entenderem e conhecerem de perto a linguagemtípica do campo.
O hospede que procura o meio rural deseja efetivamente participar e conhecer todas as atividades diárias desempenhadas dentro de um estabelecimento rural. Por isso que as pessoas que estão dentro da propriedade devem ser as mais autenticas possível, isto é, campeiras conhecedoras das atividades típicas que ali diariamente são desenvolvidas.
O envolvimento dos filhos dos proprietários ou empregados rurais, que nasceram e cresceram nesse meio, nas atividades do “agroturismo" como guias remunerados, é primordial, pois esses adolescentes passarão as crianças e adolescentes dos turistas rurais todas aquelas brincadeiras de crianças característicasdo campo.
Enfim, está aí uma nova e rentável atividade para muitas de nossas propriedades que reunam um mínimo do que aqui está colocado.
Basta vontade, iniciativa e evidente um pouco de capital para adaptar, sem sofisticar a sede e as instalações rurais do estabelecimentoagrícola.
*Engº Agrº e Prof. Me. da PUCRS -e-mail: mhvilela@pucrs.br
Fonte: PR