São José/SC
Terça, 20 de fevereiro de 2018 - 11h02min
Lanagro-RS desenvolve método para analisar biotoxinas marinhas em moluscos
Com a medida é possível evitar intoxicações perigosas por ingestão de alimentos como ostras e mexilhões
A Seção Laboratorial Avançada de São José, (Slav/SC), unidade avançada do Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro-RS) passa a ser o primeiro laboratório da Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a incluir a análise de biotoxinas marinhas em seu escopo. Tal fato adquire importância pelo Estado de Santa Catarina ter a maior produção de moluscos bivalves do Brasil. O grupo inclui ostras, vieiras, mexilhões e berbigões produzidos em 12 municípios do litoral, entre Palhoça e São Francisco do Sul.
A presença de biotoxinas marinhas é um dos principais problemas de origem biológica que pode acometer esses alimentos. Existem vários grupos de toxinas que são consumidos por muitas espécies marinhas e acumulam-se ao longo da cadeia alimentar. Mais de 200 biotoxinas já foram detectadas. Algumas dessas toxinas são estáveis e não são eliminadas pela cocção, representando um grave perigo à saúde pública. Sua ingestão pode causar sintomas diversos, dependendo do tipo de toxina, entre eles diarreia, formigamento nos lábios, língua, pontas dos dedos, vertigens, ataxia, sonolência, febre, náuseas, vômitos, paralisia respiratória e morte.
De acordo com o responsável técnico da Slav/SC, Heitor Daguer, a demanda surgiu através do Coordenador-Geral de Laboratórios Agropecuários (Cgal), Rodrigo Nazareno. O controle de biotoxinas marinhas moluscos bivalves é parte do Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves (Pncmb), coordenado pelo Departamento de Saúde Animal do Mapa. "A análise de biotoxinas representa a sintonia do Lanagro-RS com importantes demandas da fiscalização agropecuária nacional, contribuindo de forma relevante à preservação da saúde pública", ressalta.
O método desenvolvido pela Slav/SC está em atividade desde o dia 1º de fevereiro e utiliza cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas, técnica analítica com a sensibilidade e a especificidade necessárias à análise de biotoxinas marinhas. Com o encerramento das atividades do Ministério da Pesca este tipo de análise foi englobada pelo Mapa.
Nazareno explica que o processo foi feito de forma ágil para atender os anseios do setor produtivo e dos consumidores. "Santa Catarina tem uma notória produção de moluscos bivalves. Só em 2015, foram comercializadas 20.438 toneladas, o que gerou uma movimentação financeira em torno de R$ 78,8 milhões e mais de 2.300 empregos diretos. Desta forma é imperativo trabalhar para providenciar um produto de qualidade ao consumidor e, assim, favorecer a comercialização segura dos produtos", ressalta". O método foi validado para análise de 18 biotoxinas marinhas.
O que são moluscos bivalves
O termo molusco bivalve designa o animal de corpo mole protegido por um exoesqueleto com forma de uma concha de duas valvas, que se articulam por uma charneira e são mantidas unidas pelos músculos adutores. Nos bivalves, contrariamente aos outros moluscos, não é possível distinguir a cabeça. 0 corpo é constituído essencialmente por um pé e uma série de lâminas branquiais. Os bivalves são espécies aquáticas tanto de água doce como de água salgada. Estão nesse grupo as vieiras, as amêijoas, os mexilhões, as ostras, os vôngoles e vários outros tipos de mariscos.
Sobre o Lanagro-RS
O Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro-RS), é um dos seis laboratórios da Rede Oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Possui sede em Porto Alegre onde há duas unidades: Unidade Física Ponta Grossa (Ufpg) e Unidade Física Farrapos (UFF). Também possui a Seção Laboratorial Avançada de São José (Slav/SC), em Santa Catarina (Slav/SC) e uma fazenda na cidade de Sarandi/RS. O Lanagro-RS é responsável pela análise para classificação de grãos, análises de sementes, bebidas, vinagres, azeites, fertilizantes, produtos lácteos, produtos cárneos, além do controle de vacinas contra a febre aftosa e diagnóstico animal.
Fonte: Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro-RS)