Noruega
Quarta, 28 de setembro de 2005 - 08h07min
Vacas da Noruega vão dormir em colchões
A partir de 2006 criadores serão obrigados a dar um colchão para cada vaca, para melhorar produção Enquanto o Brasil e outros países em desenvolvimento lutam há décadas pelo fim do protecionismo no setor agrícola e por uma redução de exigências para a exportação aos principais mercados do mundo, alguns dos países ricos continuam adotando medidas que vão na direção contrária. A partir de 1º de janeiro de 2006, todos os criadores de gado na Noruega precisarão garantir que todas as vacas durmam em colchões.
O governo de Oslo é considerado um dos mais protecionistas do mundo e dos que mais destinam subsídios aos produtores. O objetivo da medida é garantir uma melhor qualidade do leite produzido no país. Atualmente e, como em grande parte do mundo, o gado norueguês dorme sobre o cimento. Com o colchão, os técnicos esperam que os animais fiquem mais calmos e produzam melhor.
Segundo pesquisas feitas no país, as vacas com 500 a 600 quilos têm produtividade maior se passam a maior parte do dia deitadas. Sem o colchão, os técnicos calculam que as vacas ficam deitadas por sete horas por dia. Com o novo luxo, a estimativa é de que passarão quase 14 horas deitadas. Cada grande produtor terá de gastar entre 10 mil euros e 20 mil euros para adequar a criação de gado às exigências do governo.
Ao fim de 2006, a Noruega espera que todas as 235 mil vacas do país tenham seu colchão. A Noruega será o primeiro país do mundo a exigir colchões para vacas, mas a realidade é que, em várias economias do mundo, o cuidado com os animais e os subsídios que são dados evidenciam a diferença entre os países ricos e pobres.
Na Suíça, os cálculos de organizações não-governamentais apontam que cada vaca acaba sendo responsável por mais de US$ 2 por dia em subsídios governamentais. Esses animais recebem, portanto, mais que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo que vivem com menos de US$ 2 por dia nos países mais miseráveis.
Nas negociações da OMC, tanto os suíços quanto os noruegueses estão entre os países mais extremistas em termos agrícolas. Não aceitam cortes profundos nas tarifas de importação, não aceitam cortes drásticos em subsídios e ainda querem incluir na agenda do debate a questão da manutenção do meio ambiente e da paisagem. (AE)
Fonte: Diário de Maringá