Porto Alegre/RS
Terça, 06 de maio de 2025 - 17h36min
Ovos orgânicos e aves soltas, modelo alternativo avança no Estado, diz Emater/RS
A busca por alimentos mais sustentáveis tem instigado o crescimento das granjas que produzem ovos orgânicos no Rio Grande do Sul. Nesses locais, as galinhas são criadas soltas, com uma alimentação sem agrotóxicos e insumos certificados, num sistema que respeita o bem-estar animal e atrai o consumidor que busca uma alimentação mais natural e saudável.
De acordo com Eduardo Gigante, produtor do Sítio Gigante e presidente da Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana (Rama), a produção de ovos orgânicos exige cuidados específicos e um compromisso com práticas sustentáveis. "A ração para produção orgânica não existe pronta. Todo produtor orgânico tem a sua fábrica de rações. Precisa comprar os insumos com certificação orgânica. Existem poucos produtores de milho e farelo de soja orgânico", explica Gigante, que produz ovos em Viamão.
Além do Sítio Gigante, também em Viamão, outros três empreendimentos se dedicam à produção de ovos: Viver Bem, Querência e Pedra Chata. Esses produtores têm ampliado seus plantéis para atender à crescente demanda, inclusive de outros estados do País.
A Rama é um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac), criada em 2011 e atua como certificadora, sendo responsável por avaliar, verificar e atestar se produtos ou estabelecimentos atendem às exigências da produção orgânica. Hoje com 51 associados ativos, realiza o controle da produção, garantindo a qualidade e a credibilidade dos produtos, e reúne agricultores e produtores orgânicos de Viamão e de Porto Alegre.
ADEQUAÇÕES
A Emater/RS-Ascar tem papel fundamental nesse processo, auxiliando os produtores na adequação da produção, inclusive com a elaboração de projetos que favoreçam a adoção de boas práticas. O engenheiro agrônomo da Instituição, Ari Uriartt, comenta que o modelo de criação solta, embora mais próximo das exigências do mercado internacional, ainda enfrenta obstáculos. "Quem produz em confinamento vai ter que se adaptar. Apesar de não haver pesquisa para essa transição, para mensurar uma produção, os custos têm que ser computados, incluindo a questão energética, a infraestrutura e a destinação dos dejetos, por exemplo, elementos geralmente não contabilizados", analisa.
Apesar dos benefícios, a criação ao ar livre também traz riscos, especialmente em um momento de atenção à gripe aviária. A principal preocupação é o contato das galinhas com aves silvestres, possíveis portadoras do vírus, além da exposição a outros fatores contaminantes, como fezes, água e secreções.
Para evitar o avanço da gripe aviária, medidas de biossegurança são essenciais, como introduzir determinados medicamentos para obter essa estabilidade sanitária. A legislação na Europa já determina isso como parte do processo, já que não existe outro sistema de produção aceito naquele continente. Ou seja, mesmo com a perspectiva da gripe aviária, isso para eles já é a realidade e se investe na criação de frangos soltos e na produção de ovos orgânicos, reforça Uriartt. Para ele, é possível amenizar os riscos que o sistema de confinamento oferece, garantindo carne e ovos mais saudáveis.
Com a tendência de crescente demanda por alimentos orgânicos, empresas investem nesse modelo de produção livre. Um exemplo no Rio Grande do Sul é a Naturovos, com sede em Salvador do Sul e uma unidade em Vacaria. A empresa abriga cerca de 900 mil galinhas, criadas em grandes aviários, livres de gaiolas, e vem expandindo sua estrutura para continuar convertendo aviários e impulsionando a criação de aves livres de confinamento no Brasil.
De acordo com o engenheiro agrônomo Ari Uriartt, a Naturovos se destaca pelo uso de tecnologia e soluções sustentáveis. Nesse caso, a empresa envia os dejetos animais e resíduos de ovos para a sua própria usina de compostagem, localizada em Salvador do Sul, neutralizando seus passivos produzidos.
Apesar dos desafios, a transição para sistemas mais sustentáveis segue como tendência. E quem aposta nessa mudança já colhe frutos, tanto em qualidade do produto quanto da valorização no mercado.
Fonte: Emater/RS-Ascar