Cristópolis/BA
Quarta, 08 de fevereiro de 2006 - 18h21min
Bahia: alho baiano chega às grandes redes de supermercados
O Cristalho (alho e sal), principal produto fabricado no município de Cristópolis, na Bahia, agora pode ser encontrado em redes de supermercados e mercadinhos dos municípios da região e em alguns outros estados. “Recentemente vendemos 800 caixas do produto para um empresário de Salvador e temos pessoas de Brasília interessadas também em comprar nossos produtos. Temos contato para fornecer, inclusive para a Cesta do Povo”, disse a presidente da Cooperativa dos Produtores de Alho do Sítio do Hermenegildo (Coopash), Belarmina Silva.
Ela acredita que com a criação da Coopash (Cooperativa dos Produtores de Alho do Sítio do Hermenengildo), “conseguiremos atrair novos cooperados e aumentar a nossa produção; então a expectativa é crescer cada vez mais”.
Para o prefeito de Cristópolis, Antônio Xavier, “com certeza teremos uma produção mais profissionalizada a partir de agora. Os produtores conseguirão vender seu alho sem precisar sair do município e conseguirão produzir em escala para atender o mercado. A cooperativa na verdade só veio agregar valor e renda à nossa principal cultura, além de promover a geração de emprego para a comunidade local. E tudo isso devemos muito ao trabalho do Sebrae por acreditar no nosso potencial e por sempre nos apoiar”.
Cerca de 300 famílias no município vivem hoje direta ou indiretamente da produção do alho. São pequenos agricultores, a maioria com baixo nível de escolaridade e poucas oportunidades, que após um período de perdas e baixa produtividade conseguiram dar a volta por cima graças a uma parceria entre Sebrae, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola) e prefeitura local iniciada em 2000.
Nesse período, houve um trabalho de recuperação da cultura do alho através da adoção de sementes livres de vírus, o que aumentou a produtividade de 4 toneladas por hectare para 12 toneladas por hectare. Na última safra foram 175 hetares plantados, com produtividade chegando a até 13 ton/ha em algumas propriedades, sendo a média de 9 ton/ha.
A falta de uma estrutura física adequada e de equipamentos mais modernos também impedia que a cooperativa comercializasse em maior escala seus produtos em outras cidades. Problema este solucionado com o funcionamento da Coopash. O prédio funciona na antiga sede da Associação dos Moradores do Hermenegildo que foi totalmente reformado pela prefeitura e equipado com máquinas doadas pela Secretaria de Mineração, Indústria e Comércio do Governo do Estado, que agilizarão a produção do alho.
“Todos os produtores de alho, inclusive eu, estamos bastante animados e esperançosos. Nossos produtos estão tendo muita aceitação, a procura está grande, sem falar que não precisaremos sair daqui para vender nosso alho em outras cidades. Muitos produtores eram roubados, passavam fome, necessidades para conseguir vender seu produto. Com a cooperativa isso mudou”, testemunhou a produtora de alho Gildenice Macedo.
A realização de oficinas de higiene e manipulação de alimentos, boas práticas de fabricação, cursos sobre cooperativismo, gestão e controles financeiros, consultorias para funcionamento da cooperativa e para que as máquinas funcionassem com melhor produtividade foram fundamentais para o sucesso da Coopash.
Todas estas iniciativas foram realizadas pelo Sebrae, que através de oficinas de design ainda desenvolveu o rótulo e a marca do produto. “O mais importante neste trabalho é que estamos beneficiando e agregando valor a uma vocação natural do município, incrementando renda, gerando ocupação e resgatando a auto-estima dos pequenos produtores de Cristópolis e região”, destaca o coordenador da regional oeste, Emerson Cardoso.
Atualmente, a sede da Coopash, que possui 24 cooperados, dispõe de sete funcionários trabalhando diretamente na produção, ou seja, no processamento do alho e sal. Por dia, são produzidas 100 caixas do produto. Cada caixa contém 24 potes com peso líquido de 300g e é comercializada num preço que varia entre R$ 14,00 e R$ 15,00. Além do alho e sal que é vendido em potes, a cooperativa comercializará o alho picado, o alho em cartela e o tempero completo que já estão tendo uma boa aceitação fora do município.
“O espaço é importante para garantir a qualidade dos produtos e conseqüentemente agregar valor à mercadoria. Agora, com a beneficiadora (Coopash) funcionando, os produtores se mostram mais animados. Nesse ano esperamos que 90% dos produtores já tenham pelo menos uma gleba do material (livre de vírus) plantado para produção de semente”, acrescenta o técnico EBDA de Cristópolis, Darlan Miranda.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias