Bataguassu/MS
Sexta, 21 de agosto de 2015 - 15h56min
Agropecuária Maragogipe, trabalho de quatro décadas valorizado no frigorífico
Quatro décadas de trabalho em melhoramento genético e aprimoramento de manejo concederam à Agropecuária Maragogipe um feito almejado pela maioria dos pecuaristas: 98% de sua produção de animais Angus aprovada pelo Programa Carne Angus Certificada. Isso significa que 98 de cada cem bovinos entregues pelo agropecuarista Wilson Brochmann ao Marfrig recebem bonificações extra pelo qualidade sobre o valor de carcaça.
Investidor tradicional da Angus, Brochmann conta que a propriedade foi uma das pioneiras no trabalho com inseminação artificial no Brasil no final da década de 70. “A Maragogipe foi a primeira fazenda a fazer cruzamento industrial com Angus no Mato Grosso do Sul em 1979”, conta o pecuarista, que trabalha com matrizes Nelore para obtenção de animais meio sangue de alta performance. Nas últimas décadas, chegou a trabalhar com outras raças, mas, há 15 anos, elegeu a Angus como parceira ideal do Nelore devido aos ganhos expressivo em produtividade e precocidade.
No entanto, revela Brochmann, o escore destacado na terminação de carcaças também se deve à adesão, em 2000, a um programa de melhoramento da raça Nelore capitaneado pela DeltaGen. A ação trouxe melhorias no rebanho zebuíno que potencializaram as características carniceiras da Angus. “Isso fez um diferencial muito grande no nosso gado. Começamos a obter frutos maravilhosos, animais extraordinários”, revela o agrônomo, que sempre direcionou seus estudos para a pecuária de corte e melhoramento animal. “Genética sempre foi a minha paixão”, diz o criador.
A Maragogipe tem 22 mil cabeças nas cinco fazendas do grupo, quatro delas no Mato Grosso do Sul (três em Itaquiraí e uma em Iguatemi) e uma no Rio Grande do Sul (Camaquã). Consciente dos avanços obtidos ao longo dos 43 anos de trabalho, Brochmann pontua que o animal meio sangue que vem destacando a produtividade da Maragogipe é um somatório de muitos fatores: uma matriz nelore melhorada, de carcaça bem conformada e com excelente habilidade materna e de uma escolha criteriosa do sêmen Angus para inseminação. Por meio de parceria com a CRI Genética, ele tem acesso à bateria de touros americanos de alta qualidade e ainda dispõe de assistência técnica para orientar o cruzamento industrial.
No manejo, uma das estratégias para ampliar a produtividade das fazendas foi eliminar a recria. “Hoje desmamamos os animais e eles vão diretamente para o confinamento. Abatemos com, no máximo, 12 meses de idade. Não podemos nos dar ao luxo de ficar com o bezerro um ano passeando pela fazenda”, salienta o pecuarista, lembrando da concorrência constante entre pecuária e agricultura pelas valorizadas terras do Mato Grosso do Sul. Defensor de uma visão de negócio consistente, Brochmann garante que, depois de 120 dias de confinamento, o melhor passeio que o gado tem a fazer “é o caminho ao frigorífico”.
A produção da Maragogipe é integralmente abatida no Marfrig, nas plantas de Bagé (RS) e Bataguassu (MS). ”Temos uma parceria muito forte desde 2001 com o Marfrig. Abatemos 90% dos animais no Mato Grosso do Sul onde temos remuneração do Novilho Precoce, um incentivo extra do governo daquele estado. Todas as nossas propriedades são habilitadas na Lista Trace e nossos animais são rastreados até os 10 meses. Então, temos diversas bonificações e premiações”, relata. Sobre a queda do mercado que reduziu em 5% no valor pago ao criador pela arroba (de R$ 142,00 para R$ 135,00), Brochmann acredita que o preço “bateu no fundo do poço” e espera recuperação para a segunda quinzena de agosto, inclusive com reação das exportações. “Não deve ser uma recuperação muito grande, porque o atacado e o consumidor não vão suportar grandes altas. Temos é que tentar produzir com o menor custo possível. Vai ser um ano bastante difícil.”
Fonte: Associação Brasileira da Angus (ABA)